Riley é uma criança comum, como qualquer outra. Tem emoções, sentimentos, sonhos e uma vida toda pela frente. Mora com seus pais, que são muito amáveis e ela é muito feliz. Porém, recebe a notícia de que precisa se mudar de cidade. E aos 11 anos terá que lidar com essa nova situação que a vida lhe apresenta.
Mas a história não fica restrita apenas a Riley e família. Nós adentramos na mente dela e temos acesso a suas emoções. Conhecemos as cinco principais: alegria, tristeza, raiva, medo e nojo. A alegria é aquilo que sempre almejamos ter; a tristeza é algo a se repelir; a raiva nos faz explodir; o medo congela e o nojo deixa a gente sem vontade.
A alegria é representada por uma personagem feliz e otimista, enquanto que a tristeza é melancólica ao extremo. São dois extremos os quais devemos evitar. Um dos pontos que a animação nos faz refletir é sobre o quão nocivo é permanecermos nos extremos: logo, devemos alcançar um meio termo, encontrar um equilíbrio. É fácil? De jeito nenhum. Estamos em constante busca e monitoramento para manejar esse equilíbrio.
A raiva está presente em nossas vidas quando algo não sai como o planejado, quando nos sentimos frustrados, quando brigamos. A gente “explode”, né? Portanto temos sim que extravasar. Mas do jeito certo. Dessa forma, a raiva poderá ser amenizada – assim esperamos. Se não liberarmos de algum modo essa frustração, acabamos sofrendo e machucando outras pessoas. O jeito certo é utilizá-la de maneira positiva, como ao se defender de algo. A raiva também aparece para corrigir algo que está errado, por exemplo. Ou ainda, podemos liberar a raiva em alguma luta marcial. Para os estressados de plantão, pode ser uma alternativa não nociva. Logo, a raiva existe, mas devemos controlá-la.
Percebemos também que o medo congela, mas é importante em muitas situações da nossa vida. Ele nos deixa mais alertas. É, portanto, fundamental na nossa sobrevivência.
O nojo é representado pela nojinho na animação e refere-se a algo que repelimos, como algum alimento que não gostamos ou algum bicho. Pode ser benéfico também, mas nunca é em seu extremo. Lembra, equilíbrio?
Enquanto a alegria quer ofuscar a todos, refletimos sobre a ilusão da felicidade suprema. Não existe cem por cento de felicidade. Temos nossos momentos ruins também. E está tudo bem. Todas as emoções e sentimentos descritas no longa são relevantes, desde que saibamos nos controlar. A moderação é fundamental.
É uma animação ganhadora de vários prêmios. Também foi amplamente discutida ao longo dos anos, desde seu lançamento, há mais de cinco anos. Também pudera, fala de cérebro, emoções, sentimentos, assuntos muito complexos os quais queremos respostas prontas. E não as temos. Ainda não. O cérebro é muito complexo, e muitas vezes não entendemos nem os nossos próprios sentimentos, que dirá os dos outros?
Ainda assim, o filme mostra de maneira leve e descontraída os aspectos fundamentais da vida de uma criança, que acaba por refletir em como se enxerga o mundo, enxergaremos ou já enxergamos um dia. Uma vida repleta de emoções boas e ruins, sentimentos positivos e negativos, memórias importantes que não queremos esquecer ou que queremos deletar. Ainda na questão das memórias: demonstra como os sentimentos estão intimamente ligados à formação da memória e que esta última acaba por definir e influenciar nossa personalidade. Na animação é retratada como as memórias-base e que ao se partirem, acabam por afetar Riley a ponto dela deixar de ser ela mesma.
Também nos mostra o quanto é natural e como devemos sim esquecer algumas memórias, pois se não nosso cérebro ficaria entupido de lixo mental. Nosso cérebro é uma máquina impressionante, mas não precisamos recordar de cada segundo vivido em todos os dias. Só guardamos o essencial e sim, muita coisa é apagada. Faz parte.
Agora imagine tudo isso sendo possível em uma abordagem infantil? É fantástico. As crianças tendo acesso a tanta informação relevante sobre si mesmas. Temas essenciais sobre personalidade, cérebro, memória, emoções, que levamos uma vida toda para aprender e temos com essa animação a importante tarefa de iniciarmos desde cedo esse processo: o do autoconhecimento.
Por: Ana Carolina Tavares
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