O segundo livro de Dragões de Éter começa imensamente melhor que o primeiro, desenrolando a história rapidamente e cativando o leitor já no início da leitura. Com a coroação de Anísio, somos apresentados a uma nova forma de governar, além de uma imensa trama política que me agrada e traz tensão para a história. Os reis pisam em ovos uns com os outros, e é perceptível que uma palavra errada ali pode promover uma guerra. Eu amei demais essa parte, em especial tudo o que envolve o Rei Coração de Neve, que junto a Branca e o próprio Anísio, acabam roubando a cena em muitas partes. Sobre a história da madrasta de Branca, que coisa tensa! A gente já conhece mais ou menos o final da trama e sabe que a mulher claramente será uma pilantra, assim como nos contos de fadas, no entanto, a construção narrativa para isso me deixou tensa e muito curiosa. Foi o que eu mais gostei em todo o livro, principalmente ao ver como tudo se resolveu. A narrativa de Draccon melhorou demais em relação ao primeiro livro, já não temos mais tantas intervenções do narrador e também sentimos menos cortes nas histórias, isso deixa o livro mais fluído e me empolgou. Ainda temos referências de outras obras, sendo a melhor delas a de Cidade de Deus, com aquela frase icônica de Zé Pequeno (e eu dei muita risada sim!). A parte do Axel continua sendo a que menos me cativa, mas entendo o porquê de ela existir, inclusive, gosto de como ele acaba representando uma nação através do esporte. Toda essa história faz um paralelo muito interessante sobre a moral de um povo, e pode ser comparada ao que o futebol representa para os brasileiros por exemplo, não sei se essa reflexão foi colocada propositalmente, mas quero pensar que sim. Ariane e João me surpreenderam muito do meio para o final do livro, enquanto no começo eles estão iniciando um relacionamento e superando suas inseguranças, lá para o final eu sinto que eles cresceram uns dez anos. De repente os personagens ficaram tão maduros e ali eu comecei a entender o amor deles, como ambos dizem, eu curti por inteiro. Diminuiu consideravelmente, mas ainda existem coisas que me incomodam, e uma delas é que o autor começou a cismar em descrever como deve se sentir uma mulher e como se sente um homem, e fez isso dando a entender que os sentimentos caracterizam ou são exclusivos de um gênero. Isso se repete muito neste livro e me irritou demais, não sei o porquê da inclusão de sentenças desse tipo e apesar da história se passar em um tempo antigo, vejo essas frases mais na boca do narrador do que dos personagens. Outra coisa que ainda não gosto é que algumas histórias parecem ser jogadas, como é o caso da de Snail que de repente aparece com uma nova missão e até mais da metade do livro não nos diz nada sobre, fica apenas pressionando Liriel para usar seus poderes, mas sem explicar um motivo. Isso cansa e me fez pegar um bode da história deles, que antes, era a minha preferida. É claro que depois disso as coisas melhoram e com o tempo a história dos dois desenrola, mas isso acontece faltando apenas 100 páginas para acabar o livro. Isso não é um pouco estranho? E parece que o fato é um padrão, porque assim como em Caçadores de Bruxas, a obra tem um final mais corrido e extremamente satisfatório, que nos faz querer ir atrás do terceiro livro com urgência.
É como uma caminhada longa e que perde o ritmo em alguns pontos, mas que no final vale todo o tempo.
PS: Sabino continua sendo um personagem que não consigo comprar.
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