Olá Freaks! Vocês conseguiram ver a série? Espero que sim! Eu acabei não mencionando certas coisas na semana passada porque queria fazer o convite para vocês assistirem e eu também queria ver no que ia dar. E agora trago o que achei além das primeiras impressões. Aqui vai o alerta de spoiler, tá bom?
Bom, vamos lá. Nós tivemos na primeira parte que eu maratonei (os 6 episódios foram bem viciantes) a história conturbada de Theo. Depois dessa pausa, eu retomei e vi os 6 restantes e confesso que como iniciei no episódio 7 até o último (12), estava meio parado, digo, eu deveria ter maratonado de uma vez os 12 (risos). Sabe quando o clima é cortado? Pois bem. Tive que me reconectar novamente com a trama e nada de descobrir quem era o destruidor do título. Mas será que seria ele? Ela? Eles? Elas? Ainda estava obscuro. E eu me toquei que não estavam abordando sobre família. E eu queria muito saber sobre os pais da nossa protagonista. Até que começam os flashbacks. E eu gostei!
Abordar sobre sua família, conhecer mais a fundo sobre o que a fez ser quem é. Tivemos também a festa da Terry e os problemas que Kwame enfrenta... ele tenta se relacionar com uma mulher e descobre que ela é preconceituosa. Já nossa protagonista Arabella vai atrás de Biagio na Itália. E esse moço é um tremendo babaca. Ela erra muitas vezes, inclusive indo até lá. Mas quem nunca?
Tem também conflito com os amigos e fica bem mais evidente o racismo da metade pro final. Na semana passada eu já havia identificado, mas ficou mais presente. Tem até a questão do job que Arabella faz sobre mudança climática e hipocrisias. Ela fica fissurada em militar sobre a questão do estupro, raça, obcecada nas redes sociais até optar por sair de todas elas. Vemos na tela mensagens de amor e ódio dos haters. Alguns querem não simplesmente desabafar, mas também doxing, que é expor dados da vítima na Internet. E ela pira e deleta tudo. Ufa, ainda bem.
Quando ela fala várias coisas ao Kwame, eu só consigo pensar que ela foi longe demais. E depois que ficamos sabendo de algo que Arabella fez, por meio desse flash direcionado à ela. A personagem então compreende como tem agido ultimamente.
A minissérie aborda questões como vitimismo, limites e julgamentos, bem como relações de amizades, com alegrias e desentendimentos. Ainda como as pessoas lidam com o abuso sexual – temos dois exemplos distintos de agressão e dois modos de superação que divergem visivelmente. Mas no fundo, ambos sofrem.
Como já teve a abordagem da Theo nos episódios iniciais, agora temos da Arabella e família - sim, os pais e irmão; com a Terry - e que belezinha as duas. Me identifico quando Arabella diz ao seu irmão que não se lembra de nada. Sou muito assim. Aí Terry conhece alguém. E vai ter que reavaliar seus pré-julgamentos; enquanto Arabella recebe uma ajuda inesperada para seu livro.
Eu esperava mais participação de Ben, um personagem tão monótono quanto estagnado, que parece mais um enfeite decorativo, coitado.
De volta ao protagonismo da série, temos um assunto intenso e intimista, com alta representatividade – mulheres; mulheres negras e abusos que sofrem; homens gays; transexualidade; agressão sexual. Ela, como mulher negra abusada. Ele, como homem negro abusado.
Uma minissérie recheada de suspense e mistério, mas com conscientização acima de tudo. E tantas outras situações relevantes para eles, para nós. Aborda os aplicativos de namoro com seus prós e contras. E no fim, Kwame só precisava de carinho.
Quanto ao título pensei que fosse do trauma. O estuprador destruiria ela emocionalmente. Abalaria seu psicológico. Mas na verdade são vários casos. Até Terry fica destruída. Taí uma reflexão que eu não havia feito.
Quem destrói quem? Arabella é destruída pela situação, a meu ver, física e emocionalmente. Mas, além disso, temos as pequenas destruições internas que passamos e nos identificamos ora com ela, ora com Terry, ora com Kwame, ora com ninguém. Todos somos destruídos em algum momento e isso deixa marcas irreversíveis ou não.
O “ponto alto”, por assim dizer, foi o episódio 11, já que aí o mistério é solucionado. Porém, vale ressaltar que não queremos apenas respostas parciais, queremos totais. Estamos ansiando por descobrir o abusador e se ele vai responder pelo crime. Teremos um culpado? Ou mais de um? Arabella descobre por fim? E o que ela faz? A trama nos faz levantar essas e outras questões pertinentes.
As respostas integrais não nos são dadas e justamente por isso o último episódio não encerra redondinho a minissérie: ela deixa algumas possibilidades e fica aberto à nossa interpretação. Queremos isso ou aquilo? O que faríamos nessa situação? E para Arabella sua história teve múltiplos fins, mas Michaela teve a série como um desabafo.
I May Destroy You foi sua voz. E pode ser ouvida por todos – ainda bem. Com certeza deixou um legado com sua mensagem profunda. E você, já deu o play?
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